Conversando com meu amigo e fotógrafo Iatã Canabrava, ele me mostrou que como o jeito de produzir uma fotografia evoluiu - e muito -, de certa forma também deveríamos incrementar um salto tecnológico num evento que lembrasse uma competição fotográfica. Daí, o nome Salto Digital de Fotografias. A homenagem a Hercules Florence completa o nome! Guardada as devidas proporções, Hercules Florence teve nas paisagens que retratava - como a cachoeira de Salto - seu salto tecnológico para a época, se tornando num dos precursores da fotografia moderna. A tecnologia deixa, a cada dia, mais acessível a possibilidade de obter resultados plásticos similares aos de artistas famosos. Esta desmistificação ainda soma mais fascínio para quem estuda ou lida com este campo, pois os critérios deixam de ser delimitados por rótulos e passam a depender de avaliação. Sensibilidade, cultura e razão são preponderantes no mundo moderno. Arte se resume ao diálogo do ser humano com o mundo e com o seu mundo. Fotografia hoje é seleção. Um salão de fotografias torna essa atividade um eterno questionamento das nossas próprias verdades. Seja pelo fascínio da percepção visual ou pela relevância de fatos da vida. O fotógrafo tem o compromisso com a transmissão de uma idéia diretamente vinculada à sua própria existência. Isso faz da fotografia uma arte por excelência.
29/04/2013
Resgatando uma história...
C. J. Bravo
O primeiro objetivo do projeto é o resgate da história da Arte Fotográfica e sua importância para a Estância Turística de Salto. Em 1974, foi fundado em Salto, o Hércules Florence Foto Clube, numa época onde praticar fotografia era desafio para poucos. Alguns aficionados levaram em frente essa ideia e o foto clube foi considerado, na década de 80, um dos mais importantes do Brasil pela sua produção fotográfica, de alto valor artístico. Aceitações em salões internacionais de fotografias e honrarias como títulos de artista fotográfico pela Federation Internationale d'Art Photographique foram conquistados. Pouco tempo depois, câmeras caras e não acessíveis, películas de qualidade raras no mercado, ampliações de qualidade com custos altíssimos e sua pouca divulgação na sociedade contribuíram para o desaparecimento do foto clube. Hoje, poucos lembram disso... Mas, é necessário esse resgate!
Um segundo objetivo é consolidar a Estância Turística de Salto como um polo de fomento da Arte Fotográfica. Hoje são três grupos com centenas de fotógrafos na ativa. Um deles, o 5Click Salto reúne remanescentes do Hercules Florence Foto Clube, com uma produção esmerada e qualitativa. Os outros dois são o FotoClubeSalto e Fotógrafos Saltenses & Cia., este último com centenas de fotógrafos profissionais e amadores, focado principalmente na fotografia Natureza.
Tradicionalmente, a fotografia guardou sua pureza na medida em que a classificação dos trabalhos foi baseada muito mais pela escolha do tema e a forma de abordá-lo do que por padrões estéticos de apresentação. A idéia esteve quase sempre adiante da forma, embora possam ser lembradas tentativas de inverter esses valores, e até de enquadrá-la aos movimentos que caracterizaram outros meios.
Pedro Luis Raota
Fotografia é arte...
Quando um fotógrafo escolhe um
assunto ou determina a direção do seu trabalho, espera-se que ele esteja
buscando espontaneamente a expressão da sua essência. Fotografia é seleção. Um
salão de fotografias torna essa atividade um eterno questionamento das nossas
próprias verdades. Seja pelo fascínio da percepção visual ou pela relevância de
fatos da vida, o fotógrafo tem o compromisso com a transmissão de uma idéia
diretamente vinculada à nossa própria existência, o que faz da fotografia uma
arte por excelência. A tecnologia deixa, cada dia mais, acessível à grande massa
a possibilidade de obter resultados plásticos similares aos de artistas
famosos. Esta desmistificação traz ainda mais fascínio para quem estuda ou lida
com este campo, pois os critérios deixam de ser delimitados por rótulos e
passam a depender da avaliação, onde sensibilidade, cultura e razão são
preponderantes. Arte é o diálogo do ser humano com o mundo, com o seu
mundo.
Fotografia é expressão...
É o desafio que cada autor tem de ver
sua essência captada em uma obra, qualquer que seja a natureza dela. O ser
humano se diferenciou quando começou a acumular conhecimento que o fez entender
sobre a sua vida. Nesse processo de sublimação do saber, a fotografia não será
maior ou menor que qualquer outra forma de criação artística, mas terá sua
preciosa participação. Dessa forma, o evento destina-se a estimular o interesse
pela fotografia, em todas as suas formas, seja ela digital ou analógica. Tem
caráter exclusivamente cultural, sem qualquer modalidade de sorteio ou vínculo
à aquisição ou uso de qualquer bem, direito ou serviço e terá as inscrições
abertas em todo o território nacional e internacional, via Internet.
Objetivos específicos:
- Estimular o interesse, promover e valorizar a fotografia como produto cultural;
- Despertar no público infanto-juvenil o interesse pela fotografia, pela ciência e pelas artes através de práticas lúdico-pedagógicas e oferta de atividades culturais;
- Possibilitar à comunidade o acesso gratuito as atividades culturais oferecidas;
- Oferecer ampla e qualificada programação cultural, de entrada gratuita, de interesse para todas faixas etárias e todos os segmentos da população;
- Incentivar o surgimento de novos talentos nas diversas áreas artístico-culturais;
- Estimular e difundir a produção artística, cultural, intelectual local e regional;
- Proporcionar um espaço de reflexão visando a despertar na sociedade uma ação transformadora em relação aos seus valores culturais e socioambientais;
- Promover o intercâmbio cultural entre fotógrafos.
Quem foi Hercule Florence?
Antoine Hércule Romuald Florence, nasceu em Nice, França em 1804. Faleceu em Campinas em 1879. Desenhista, pintor, fotógrafo e litógrafo. Acompanhou a Expedição Langsdorff - 1815/1819 -, documentando a natureza e os habitantes locais. Foi reconhecido como um dos pioneiros mundiais, no invento e desenvolvimento da fotografia, do papel sensibilizado para registrar a fotografia e da máquina fotográfica. Antoine Hercule Romuald Florence, o nosso Hercules Florence, quando tinha 16 anos, aficionado por desenho, viajou até Antuérpia, na Bélgica, para viver de retratos. Como não conseguiu ganhar dinheiro, voltou a pé para Nice, França. Dois anos depois, alistado na Marinha Francesa, e com o único desejo de conhecer o mundo, aportou no Rio de Janeiro, e não quis mais sair do Brasil. Arrumou emprego no comércio e só deixou o cargo ao ler um anúncio de jornal que procurava um segundo desenhista para uma tal de expedição Langsdorff.
Foi aceito de imediato pela sua
extrema habilidade em desenhar e aquarelar. Assim Hercules Florence, começaria
a entrar para a história, era então, um jovem idealista de 21 anos, contratado
para registrar, com a própria pena, as paisagens desbravadas pela famosa expedição
científica pelos rios brasileiros, realizada no Século XIX, mais precisamente entre
1815 e 1819. A expedição foi financiada pelo governo russo e liderada pelo
Barão Georg Herinrich Von Langsdorff. A saga pelos rios brasileiros começou em
Porto Feliz em 1815 e só terminou em Belém, no Pará em 1819. Para chegar à
Porto Feliz, os integrantes da expedição passaram por Salto e retrataram a
nossa cachoeira. O grupo composto por artistas e estudiosos como o desenhista Adrien Taunnay
e o astrônomo Nestor Rubtsov e outros cientistas e técnicos. Florence, um jovem
aventureiro, tinha entrado para a história por acaso do destino. A expedição
cruzou os cerrados do Brasil central, o pantanal mato grossense, florestas
tropicais intocáveis e entrou pela floresta Amazônica, por caminhos nunca
navegados... Sempre usando os rios, assim eles navegaram pelo Taquari, Cuiabá,
Paraguai, Guaporé, Madeira, Juruena, Tapajós e finalmente Amazonas. Os
pesquisadores conheceram vilas e aldeias, nunca antes vistas e conheceram seus
habitantes que não tinham nenhum contato com o mundo civilizado. Os
pesquisadores ficaram extasiados com florestas, as cachoeiras, os rios
caudalosos, cores e formas de uma flora desconhecida.
Hércules Florence registrava
tudo com seu desenho rápido e preciso e as marcações de cores que mais tarde usaria
para aquarelar. A morte do primeiro desenhista, Taunay, fez com que Hércules
Florence assumisse o posto de titular à frente do diário de bordo. Ele desenhou
espécies típicas da flora e da fauna brasileira e retratou as diversas etnias
indígenas. Assim o macaco coatá e o pássaro acauã dividem as páginas com os
índios bororós e apiacás. Os desenhos de Hércules Florence são hoje documentos
antropológicos de valor incalculável. Ele registrou índios pescando e
cozinhando, pintando o rosto para cerimoniais ou acomodados em suas ocas. Os
cenários da viagem eram maravilhosos. O céu avermelhado pelo pôr-do-sol, a luz
refletida nas águas do Rio Paraguai, os traços geológicos marcantes da hoje
conhecida Chapada dos Guimarães, palmeiras, folhas, flores, arvoredos, pássaros
e animais. Da fauna registrou centenas de pássaros, alguns já extintos, dezenas
de animais, alguns desconhecidos à época. Uma variedade impressionante de
primatas... Tanta riqueza vegetal e animal, numa profusão de imagens inéditas e
uma variação de cores e tons de cores, tão ricos, que sua mão, mesmo super
adestrada, não conseguia registrar em desenhos rápidos e marcações precisas e
esboços que beiram a arte moderna. Ali certamente pensou: Há seu eu tivesse um
equipamento que em segundos registrassem cada olhar meu... Nesse exato momento
seu subconsciente começou a desenvolver o protótipo da máquina fotográfica. Quando
a expedição Langsdorff terminou, ele se mudou para a então Vila de São Carlos,
hoje Campinas e passou a se dedicar às pesquisas que fizeram dele um dos
pioneiros mundiais da fotografia.
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