29/04/2013

Quem foi Hercule Florence?


Antoine Hércule Romuald Florence, nasceu em Nice, França em 1804. Faleceu em Campinas em 1879. Desenhista, pintor, fotógrafo e litógrafo. Acompanhou a Expedição Langsdorff - 1815/1819 -, documentando a natureza e os habitantes locais. Foi reconhecido como um dos pioneiros mundiais, no invento e desenvolvimento da fotografia, do papel sensibilizado para registrar a fotografia e da máquina fotográfica. Antoine Hercule Romuald Florence, o nosso Hercules Florence, quando tinha 16 anos, aficionado por desenho, viajou até Antuérpia, na Bélgica, para viver de retratos. Como não conseguiu ganhar dinheiro, voltou a pé para Nice, França. Dois anos depois, alistado na Marinha Francesa, e com o único desejo de conhecer o mundo, aportou no Rio de Janeiro, e não quis mais sair do Brasil. Arrumou emprego no comércio e só deixou o cargo ao ler um anúncio de jornal que procurava um segundo desenhista para uma tal de expedição Langsdorff.


Foi aceito de imediato pela sua extrema habilidade em desenhar e aquarelar. Assim Hercules Florence, começaria a entrar para a história, era então, um jovem idealista de 21 anos, contratado para registrar, com a própria pena, as paisagens desbravadas pela famosa expedição científica pelos rios brasileiros, realizada no Século XIX, mais precisamente entre 1815 e 1819. A expedição foi financiada pelo governo russo e liderada pelo Barão Georg Herinrich Von Langsdorff. A saga pelos rios brasileiros começou em Porto Feliz em 1815 e só terminou em Belém, no Pará em 1819. Para chegar à Porto Feliz, os integrantes da expedição passaram por Salto e retrataram a nossa cachoeira. O grupo composto por artistas  e estudiosos como o desenhista Adrien Taunnay e o astrônomo Nestor Rubtsov e outros cientistas e técnicos. Florence, um jovem aventureiro, tinha entrado para a história por acaso do destino. A expedição cruzou os cerrados do Brasil central, o pantanal mato grossense, florestas tropicais intocáveis e entrou pela floresta Amazônica, por caminhos nunca navegados... Sempre usando os rios, assim eles navegaram pelo Taquari, Cuiabá, Paraguai, Guaporé, Madeira, Juruena, Tapajós e finalmente Amazonas. Os pesquisadores conheceram vilas e aldeias, nunca antes vistas e conheceram seus habitantes que não tinham nenhum contato com o mundo civilizado. Os pesquisadores ficaram extasiados com florestas, as cachoeiras, os rios caudalosos, cores e formas de uma flora desconhecida.



Hércules Florence registrava tudo com seu desenho rápido e preciso e as marcações de cores que mais tarde usaria para aquarelar. A morte do primeiro desenhista, Taunay, fez com que Hércules Florence assumisse o posto de titular à frente do diário de bordo. Ele desenhou espécies típicas da flora e da fauna brasileira e retratou as diversas etnias indígenas. Assim o macaco coatá e o pássaro acauã dividem as páginas com os índios bororós e apiacás. Os desenhos de Hércules Florence são hoje documentos antropológicos de valor incalculável. Ele registrou índios pescando e cozinhando, pintando o rosto para cerimoniais ou acomodados em suas ocas. Os cenários da viagem eram maravilhosos. O céu avermelhado pelo pôr-do-sol, a luz refletida nas águas do Rio Paraguai, os traços geológicos marcantes da hoje conhecida Chapada dos Guimarães, palmeiras, folhas, flores, arvoredos, pássaros e animais. Da fauna registrou centenas de pássaros, alguns já extintos, dezenas de animais, alguns desconhecidos à época. Uma variedade impressionante de primatas... Tanta riqueza vegetal e animal, numa profusão de imagens inéditas e uma variação de cores e tons de cores, tão ricos, que sua mão, mesmo super adestrada, não conseguia registrar em desenhos rápidos e marcações precisas e esboços que beiram a arte moderna. Ali certamente pensou: Há seu eu tivesse um equipamento que em segundos registrassem cada olhar meu... Nesse exato momento seu subconsciente começou a desenvolver o protótipo da máquina fotográfica. Quando a expedição Langsdorff terminou, ele se mudou para a então Vila de São Carlos, hoje Campinas e passou a se dedicar às pesquisas que fizeram dele um dos pioneiros mundiais da fotografia.